Segundo os termos da sentença, não haveria em Londrina indícios de um "recuo consistente do número de pessoas infectadas e de ocupação de leitos hospitalares", pressuposto para que as escolas pudessem voltar a funcionar.
Em outro trecho da decisão, o juiz responsável pelo caso entendeu que o Poder Judiciário não pode substituir as funções da administração pública, decidindo como e quando as escolas poderiam reabrir - o que depende, segundo a sentença, de "assessoramento técnico e de monitoração constante de dados epidemiológicos", atividades que não cabem dentro de um processo judicial.
Como o Sinepe ainda não foi oficialmente intimado da sentença, Alderi Ferraresi, presidente do órgão, disse que as escolas continuarão funcionando normalmente nesta quarta-feira (25) e que o órgão recorrerá ao Tribunal de Justiça para alterar a decisão. Segundo ele, faltariam apenas 16 dias úteis para o encerramento do calendário escolar de 2020.
A ação começou a tramitar em agosto e nesse mesmo mês a Justiça de Londrina negou a liminar solicitada pelo Sindicato, que queria, já naquele momento, retomar as atividades.
O órgão recorreu ao Tribunal de Justiça do Paraná, que, em outubro, permitiu a abertura parcial das escolas. Desde então, os estabelecimentos filiados ao Sinepe têm autorização para realizar atividades de forma presencial e escalonada.
No mandado de segurança, tanto o Município de Londrina, que é réu no processo, quanto o Ministério Público se posicionaram contrários à reabertura das atividades.
Como noticiado pelo Bonde, desde que foi permitida a reabertura das escolas particulares,
um colégio de Londrina precisou fechar depois da confirmação de um caso de Covid-19 entre os alunos. As aulas voltaram a ser virtuais e foram retomadas no último dia 20.
Conforme o presidente do Sinepe, a sentença de Marcos José Vieira coloca Londrina na contramão dos movimentos de reabertura que ocorrem em diversos países. "Isso [referindo-se à sentença] contraria centenas de trabalhos científicos que que demonstram de forma clara que a volta das escolas não alterou os índices do coronavírus, sendo possível o atendimento presencial sem que isso traga insegurança para a população e para os alunos", afirma Ferraresi. Ele arremata: "Estamos na contramão do mundo".