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UEL: Pesquisa inédita relaciona níveis de qualidade do ar e covid-19
12 Maio
Reprodução/UEL

UEL: Pesquisa inédita relaciona níveis de qualidade do ar e covid-19

O avanço da pandemia do coronavírus, em 2020, trouxe à tona pela primeira vez a necessidade de isolamento social, em nível planetário, para conter a disseminação da doença. Uma pesquisa inédita, produzida por um estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Química (CCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), relacionou os níveis de qualidade do ar e a disseminação da covid-19 no município, a partir da medição da qualidade do ar por aparelhos instalados na região central da cidade, como o Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss e o Terminal Central.

A pesquisa do estudante Igor Mantovani, intitulada “O impacto de medidas restritivas devido à pandemia por covid-19 nas concentrações de poluentes atmosféricos em cidade de médio porte”, iniciou-se dentro do Laboratório de Análises Cromatográficas e Ambientais (LACA), em 2020. Mantovani, hoje doutorando no mesmo Programa, tinha intenção de determinar pesticidas no ar, mas mudou o objeto com o início da pandemia. “Na época, tive um ‘insight’ de relacionar a qualidade do ar e a covid-19, a partir da análise da quantidade de partículas finas no ar”, explica. As partículas finas são menores do que 2,5 micrômetros (µm), consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como riscos potenciais à saúde humana.

Mantovani, então, instalou um aparelho medidor da qualidade do ar, o Hi-Vol Impactador, no pátio do Museu Histórico de Londrina, bem no início das medidas de diminuição de fluxo de pessoas, em março de 2020. As amostragens ocorreram do dia 2 ao dia 25 de abril, datas que coincidem com o início das medidas de restrição de circulação de pessoas e, também, o início do relaxamento dessas medidas.

Níveis alarmantes

Os resultados encontrados foram, no mínimo, alarmantes, como explica a orientadora de Mantovani, professora Maria Solci, do Departamento de Química. Com o “lockdown parcial”, os níveis de qualidade do ar ficaram abaixo do preconizado pela OMS, 25 ug por metro cúbico (m³); porém, com a retomada da atividade econômica e principalmente do trânsito de veículos, esses níveis subiram bastante acima do preconizado, segundo a professora. A OMS utiliza seis parâmetros para avaliar o índice de qualidade do ar, ou seja, avalia seis substâncias.

O problema tornou-se ainda pior com a atualização dos níveis de qualidade do ar pela OMS, em 2021, no meio da pesquisa de Igor. O nível aceitável, antes de 25 ug/m³, caiu para 15 ug/m³. “Os níveis antigos eram de 2005 e foram atualizados 16 anos depois. A queda desse valor-guia deixou os níveis de partículas finas muito além do permitido”, explicou a pesquisadora.

Pesquisas nesse sentido foram feitas nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro e, segundo Maria Solci, também foram evidenciados aumentos alarmantes. “Os níveis de partículas finas são relacionados com muitas doenças respiratórias, cardíacas e síndromes metabólicas, por exemplo”, afirmou a professora. Além disso, pesquisas já comprovaram que as partículas finas são carreadoras do vírus Sars-Cov-2, causador da covid-19.

Soluções?

Como, então, melhorar esse quadro preocupante? A pesquisa de Mantovani aponta soluções bastante conhecidas da humanidade, mas ainda pouco colocadas em prática: a redução dos níveis de poluição, de modo geral, em especial dos níveis de gás carbônico na atmosfera. Os impactos dessas medidas poderão ser bastante benéficos não só para a saúde humana e do planeta, mas também para as finanças: muitos estudos apontam, segundo Maria Solci, que a redução dos níveis de poluição impacta diretamente na redução dos gastos em saúde, na medida em que reduzem significativamente atendimentos e internações.

Volta às aulas

A equipe do LACA iniciou o mesmo processo de medição dos níveis de qualidade do ar na UEL, para conferir se houve alteração nos parâmetros antes e depois da volta às aulas. Para isso, o grupo instalou um Hi-Vol Impactador no portão de saída do Restaurante Universitário (RU) em janeiro. O aparelho ainda está sob monitoramento de duas estudantes do Mestrado em Química participantes do LACA, mas já foram coletadas mais de 80 amostras.

Créditos: Tem Londrina

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