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O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), instituiu, por meio do Decreto Municipal nº 865, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Londrina (PLANMOB). Este instrumento, cuja construção teve início em 2018, envolvendo várias etapas e planejamentos, agora norteará a implementação de políticas públicas e ações que viabilizem o desenvolvimento integrado da cidade, concernente à mobilidade e infraestrutura urbana. Os objetivos elencados pelo documento compõem um plano que tem como foco promover no município um crescimento urbano equilibrado, nos próximos 20 anos, buscando proporcionar mais qualidade de vida à população.
O relatório final do PLANMOB, apresentando os resultados dos levantamentos e pesquisas, foi disponibilizado juntamente com a publicação do Decreto nº 865, feita no Jornal Oficial do Município da última quinta-feira (4), edição nº 4.699. O documento é composto por 1.316 páginas, ao todo. Na página do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) o público pode acessar a área Plano de Mobilidade Urbana, onde estão reunidas diversas informações, documentos técnicos e projetos.
Com a elaboração do Plano de Mobilidade, a Prefeitura traçou um panorama sobre o horizonte de Londrina, pensando no futuro por meio de um projeto constituído após mais de três anos, abrangendo fases como trabalhos de pesquisas de campo e domiciliares, coleta de dados, participação popular em audiências públicas, análise e sistematização dos dados obtidos, diagnóstico e prognóstico, plano de mobilidade, simulações e projetos específicos. O material também foi apresentado à Câmara Municipal de Londrina, em maio de 2020.
As principais finalidades desta ferramenta, segundo o relatório final, é dar acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os meios de transporte coletivos e não motorizados, de forma inclusiva, sustentável, segura e eficiente; proporcionar melhoria das condições urbanas no que se refere à acessibilidade e à mobilidade; servir de suporte para organizar o crescimento da cidade de forma integrada, melhorando a qualidade de vida da população; além de tornar o transporte coletivo mais atrativo frente ao transporte individual motorizado.
O estudo foi elaborado e dividido em 14 tópicos principais, distribuídos dentro das áreas de Planejamento e Realização das Pesquisas e Levantamentos; Diagnóstico e Prognóstico; Desenvolvimento, Consolidação e Discussão Social; Projeto de Revitalização da Área Central; Projeto Específico de Aprimoramento do SuperBus; e Projeto Específico do Modelo de Gestão e Fortalecimento Institucional.
Na fase de levantamentos junto ao público londrinense foram realizadas mais de 28 mil entrevistas com moradores da cidade, compilando informações, dentre diversos aspectos, sobre mobilidade urbana, referente às necessidades de deslocamento dos cidadãos. A partir deste trabalho, foi possível identificar as origens, destinos, motivos dos deslocamentos, modos utilizados e horários das viagens.
Já quanto à área socioeconômica, foram registradas informações acerca da renda familiar, posse de automóveis, tipologias de residências, estrutura familiar e ocupação. Isto dará suporte à tomada de decisão para novos investimentos na infraestrutura de mobilidade urbana em Londrina.
O material foi elaborado pela empresa Logit Engenharia Consultiva, contratada via processo licitatório específico para essa finalidade, e o acompanhamento técnico foi realizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul). Todo este corpo de informações criado atende à legislação federal, conforme as exigências da Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei federal nº 12.587/2012).
O presidente do IPPUL, Tadeu Felismino, enfatizou que o estudo representa um grande ativo para Londrina, mapeando a movimentação dos moradores, identificando os principais gargalos e gerando diagnósticos. “A cidade hoje está servida com uma ferramenta espetacular para planejar seu desenvolvimento com excelência. Este documento vai orientar a atual e futuras administrações, de forma precisa e segura, indicando e qualificando a execução das obras necessárias e prioritárias. O Plano foi uma decisão muito feliz da gestão do prefeito Marcelo, contratando o projeto por meio do Ippul”, salientou.
Felismino disse que, no levantamento, foram identificados gargalos e trechos que dificultam a mobilidade urbana. Segundo ele, o estudo calculou que Londrina tem um prejuízo anual aproximado de R$ 30 milhões em relação ao tempo perdido com deslocamentos longos, improdutivos e desnecessários. “Este é um apontamento importante, pois mostra que a política de espraiamento, ou seja, de ampliar o perímetro urbano da cidade indefinidamente, traz prejuízos ao desenvolvimento ordenado e também financeiros. É um tempo que poderia ser melhor utilizado com trabalho, estudo, ou lazer e convivência. O Plano criou um caderno de obras prioritárias que lista 66 pontos críticos quanto a trechos de lentidão ou congestionamento de tráfego que contribuem para esse tempo gasto. Para cada ponto há uma análise individual e um esboço de solução viária, com planos de curto, médio e longo prazo”, pontuou.
Ainda segundo o dirigente do Ippul, o Município conta agora com planejamentos de melhoria para o transporte público, que representa apenas 18% dos deslocamentos de transporte feitos em Londrina. “Temos um sistema de transporte acima da média nacional, mas é necessário aprimorá-lo para ampliar a adesão. Em Curitiba e São Paulo, por exemplo, essa margem de uso passa dos 40% das viagens feitas. Outros planos são para melhorar e integrar a rede cicloviária, utilizada por poucas pessoas, principalmente jovens indo ao trabalho, e também para pedestres, uma vez que a população idosa deve crescer muito nas próximas décadas”, acrescentou.
Aprimorando a mobilidade
Denise Ziober, que foi coordenadora do PLANMOB, pelo Ippul, e hoje é assessora da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, frisou que a construção deste estudo foi fundamental para identificar as principais necessidades dos londrinenses em relação à mobilidade urbana. “Com pesquisas, levantamentos, debates, análises e projetos realizados de forma transparente, o PLANMOB abarcou aspectos referentes aos pedestres, bicicletas, motos, carros, caminhões, ônibus e demais veículos. Trata-se de um trabalho com amostragem ampla e rico em conteúdo, a população foi entrevistada e ouvida, sendo que foram 28.300 questionários aplicados em Londrina, de várias formas. Este material foi produzido alinhadamente com dispositivos já existentes como o Estatuto da Cidade e outras leis, inclusive para contribuições ao Plano Diretor”, afirmou
Para Ziober, esta é uma ferramenta de extrema importância, baseada em dados concretos e consistentes vindos de fontes primárias. “Houve entrevistas com as pessoas — de várias faixas etárias — em seus domicílios, e foi possível levantar as origens e destinos dos cidadãos quanto ao trânsito, como eles se transportam, que horas regularmente saem de casa e retornam, a frequência dos deslocamentos, a forma como são feitos e os motivos”, contou.
Além disso, foram feitas pesquisas dentro dos ônibus do transporte público para aferir a qualidade do serviço, saber em que pontos o usuário subiu ou desceu, entre outras coisas. “O trabalho também alcançou as linhas de contorno com oito pontos estabelecidos de entradas e saídas de Londrina, entrevistando motoristas de carros, caminhões, ônibus e motos com este mesmo objetivo, e ainda pesquisas nas linhas intermunicipais junto à população”, citou a coordenadora do PLANMOB.
Nesse sentido, Ziober destacou que o Plano permitiu a formação de uma matriz de deslocamentos e uma base de dados que ajuda a apontar onde estão os empregos, locais de estudo e de lazer, as distâncias percorridas por cada pessoa. “A partir disso, é possível fazer uma série de leituras. Também identificamos as faixas de renda da população, o perfil e comportamento. O estudo é cruzado com dados do Censo e outras fontes, e temos no Plano uma radiografia que serve para formular diretrizes para todos os modais nos próximos anos, colaborando com as tomadas de decisão do Município. Há questões ligadas ao plano de rotas acessíveis, para pedestres e rede cicloviária, além de um caderno de obras viárias listando os principais serviços”, detalhou.
Participação popular
Um dos principais componentes do PLANMOB foi a contribuição dos moradores de Londrina para o desenvolvimento dos estudos e objetivos traçados. “O modelo aplicado, com questionários feitos diretamente com as pessoas, nos trouxe bases para a avaliação da qualidade dos serviços. A participação da comunidade ocorreu o tempo todo, desde o início das pesquisas, e os conteúdos são resultado do que a própria população respondeu, a partir daquilo que observam e desejam. Sem isso, não seria possível definir quais rotas são prioritárias, por exemplo. As reivindicações trazem as ideias para as melhorias a serem aplicadas na prática”, ressaltou Ziober.
A coordenadora ainda lembrou que as pesquisas de campo foram concluídas em 2020, antes do início da pandemia de covid-19, o que colaborou para que os levantamentos trouxessem dados que refletem a realidade. “É muito importante que estudos como este sejam produzidos em meses, semanas e dias típicos, nunca em épocas de feriados, férias escolares, uma pandemia ou qualquer outro evento que altere a rotina normal de uma cidade. Então, as pesquisas de campo e entrevistas domiciliares foram feitas e trazem dados atuais. Agora, as pessoas vão retornando às atividades, aos poucos, e a cidade retoma sua rotina”, concluiu.
Créditos: Tem Londrina