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No primeiro dia útil de 2023, os usuários reclamaram da nova tarifa de ônibus em Londrina, que está em vigor desde a zero hora do dia 1º deste ano. O valor subiu de R$ 4 para R$ 4,80. Mesmo com o comércio fechado nesta segunda-feira (2), diante do acordo entre comerciários e lojistas, o movimento nos terminais começou tímido e logo os usuários começaram a se espantar com o novo preço da passagem. A dona de casa Rosa Lourenço Venâncio, 47, foi uma das pessoas que não sabiam desse aumento.
“Me pegou de surpresa. Eu só soube quando cheguei aqui no Terminal Acapulco para pegar o ônibus. Vai pesar muito no orçamento. Esses 80 centavos vão fazer a diferença depois nas compras da família. Vou deixar de comprar muitas coisas com esse dinheiro, que geralmente eu comprava até hoje. Meu marido trabalha de pedreiro, mas tem vez que ele não trabalha e eu preciso pegar ônibus sempre, porque preciso acompanhar meu pai, de 81 anos, no Jardim Itapuã, porque ele não enxerga direito devido ao glaucoma”, destacou.
Também no Terminal Acapulco, o auxiliar de inspeção Márcio Rogério Maschion, 44, soube do aumento pela manhã desta segunda-feira (2). “Só fiquei sabendo quando vim no terminal. “Esse aumento não será revertido em melhoria de serviços. Eles aumentam, mas na hora de melhorar mais o serviço a coisa não muda nada”, criticou.
O ajudante de pedreiro, Márcio José dos Santos,45, estava no Terminal Central no início da manhã e não gostou desse aumento. “Eles falam que só eles têm prejuízo, mas e o trabalhador? Meu salário não subiu até agora. Esse aumento foi de 20% e deram uma mixaria de aumento para os funcionários no salário. Não sobra nada. Eu dependo do ônibus e o meu salário não acompanha a minha despesa. Tudo subiu. Está cada vez mais difícil para a gente. Vou ter de procurar trabalho para fazer no fim de semana para poder complementar a renda para poder sobreviver.”
Outra frequentadora do Terminal Central, a camareira Leonilde da Rocha Vaz, 55, sabia que a tarifa iria subir mesmo antes de embarcar no primeiro dia útil do ano. “Eu acho que cada vez está ficando pior. Esse aumento compromete boa parte do orçamento. No fim do mês você vai somar as despesas e vai perceber que tem uma diferença entre o que a gente ganha e o que gasta. Sempre falta dinheiro para uma ou outra coisa. Como está ficando difícil, a solução é andar mais a pé.” Ela ressaltou que a situação está muito difícil para o brasileiro em geral.
No Terminal Ouro Verde, o garçom Onélio Buzão Júnior, 44, foi um dos críticos do novo preço. A reportagem o abordou enquanto ele estava no terminal provisório edificado para o período em que o novo terminal está em obras. “Eu acho um absurdo esse novo valor, porque o serviço não é bom. As linhas são muito falhas e os horários são bem reduzidos. A gente ainda arrisca se acidentar, porque a gente nunca vai sentar. Estamos sempre em pé sem um apoio seguro.” “Eu ainda sou grato pela linha que eu pego, porque pelo menos tem um ar-condicionado. Ainda sobre o aumento, por mais que a empresa pague a porcentagem dela, uma parte é descontada da nossa folha de pagamento. Esse aumento de 20% a gente não vê o nosso salário aumentando na mesma proporção.”
No Terminal Ouro Verde, o auxiliar de serviços gerais Adelson da Silva, 61, relatou que passará por dificuldades financeiras. “Esse aumento representou muita coisa, porque 80 centavos para mim já dá uma diferença muito grande. Eu dependo do ônibus, uso todos os dias. Pego quatro deles por dia. No final do mês quase metade do salário vai ficar para as passagens. A prefeitura deveria estabelecer o aumento no mesmo patamar de 2021, quando estava R$4,25. Eu não tenho como compensar esse aumento. Eu sou assalariado e para compensar só com um aumento bom no salário, senão não tenho como aguentar.”
Para o eletricista Gabriel de Oliveira Benedito, 21, o aumento foi muito alto. “Está muito puxado para a gente. Se aumentassem de 20 a 30 centavos até que seria suportável, mas 80 centavos quebra qualquer brasileiro. E o qualidade do serviço não melhora. Eu pego a linha 414 e ela é horrível. Também pego a linha 803 para ir para a Gleba Palhano. Todos os dias os ônibus estão lotados. Sempre tem gente expremido na porta. Nem sempre tem ar-condicionado nessas linhas e com esse calor não dá. Levo 40 minutos no trajeto de ida e para voltar é pior ainda. Levo cerca de uma hora ou uma hora e meia para voltar e o ônibus sempre está lotado.”
Créditos Bonde / Folha de Londrina