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Um novo conceito em rádio!
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Com o objetivo de tornar o Estádio do Café um ambiente ainda mais acolhedor, acessível, inclusivo e agradável ao público, a Prefeitura de Londrina, por meio da Fundação de Esportes (FEL), apresentou nesta sexta-feira (6) o novo espaço reservado especialmente para pessoas com autismo e seus familiares no local. A área preferencial, uma iniciativa inédita em espaços esportivos da cidade, vem para acomodar esses torcedores em um lugar preparado para oferecer mais conforto e segurança durante os jogos e eventos realizados no Café.
Inicialmente, estão sendo disponibilizados 20 assentos no setor coberto de cadeiras cativas. A faixa reservada para os torcedores com autismo deve ficar localizada na parte superior esquerda, próximo às escadas de entradas e saídas, e também aos banheiros e cantinas, atendendo aos ocupantes e seus acompanhantes. Os assentos serão sinalizados com um adesivo que indica a prioridade de uso, e ainda há a possibilidade de que sejam pintados pela CMTU com uma cor diferente das demais para facilitar a delimitação.
A intenção é que o novo espaço acolhedor do Estádio do Café esteja pronto para receber a torcida já na partida de estreia do Tubarão no Campeonato Paranaense 2023, que será realizada no dia 15 de janeiro, um domingo, às 16h. O adversário será o Azuris, clube de Pato Branco.
O diretor-presidente da FEL, Marcelo Oguido, realizou o anúncio no próprio gramado do estádio, juntamente com o diretor-presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Marcelo Cortez, que representou o prefeito Marcelo Belinati (PP), e com Matheus Dantas, fundador da Torcida Tubautistas — primeiro grupo de torcedores voltado para este público — e idealizador do projeto de criação do espaço exclusivo para pessoas autistas.
Além das cadeiras preferenciais, os ‘tubautistas’ também terão à disposição fones antirruídos para aqueles torcedores autistas que possuem hipersensibilidade auditiva poderem assistir aos jogos mais tranquilamente. O equipamento será ofertado em parceria com o Londrina Esporte Clube.
Para o diretor-presidente da FEL, Marcelo Oguido, a iniciativa da torcida para autistas, bem como a disponibilização de uma área especial no estádio, representam mais inclusão, conscientização e respeito, valorizando um dos espaços mais emblemáticos de Londrina. “Após recebermos do Matheus, fundador da Tubautistas, a ideia do projeto, buscamos analisar qual o melhor local do Café para acomodar essas pessoas, com o devido conforto e segurança. Será uma forma de acolher qualquer pessoa com autismo e suas famílias, para que possam assistir aos jogos e se divertir em um local adequado, com menor volume de torcedores, menos barulho e em área da fácil acesso e saída. Desejamos que, aos poucos, mais e mais torcedores autistas sintam-se à vontade no estádio e esse tipo de espaço inclusivo seja criado em outros equipamentos esportivos e de lazer do Município”, comentou.
Recentemente, conforme Oguido, o Café recebeu uma obra de acessibilidade voltada para pessoas com deficiência física, visual e cadeirantes. As ações incluíram implantação de áreas com guarda-corpos, reservadas e sinalizadas, corrimãos com braile e outras adequações nas arquibancadas
O idealizador da Tubautistas, Matheus Dantas, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), é torcedor fanático do Londrina e começou a frequentar o Estádio do Café ainda com 12 anos de idade junto ao pai, quando vieram para a cidade. Ele contou que a ideia de criar a torcida, iniciada no final de 2022, surgiu após ter assistido a um jogo do Corinthians, quando viu a faixa de uma torcida de autistas do clube paulista (a “Autistas Alvinegros”) que o inspirou a formar o projeto. Com 27 anos de idade, Dantas foi diagnosticado com TEA tardiamente, apenas em 2022, após indicações médicas a partir de terapia e acompanhamento psiquiátrico .
“Me interessei muito sobre esse movimento de torcedores autistas nos estádios e busquei ver o que seria necessário para implantar essa iniciativa em Londrina, em prol do público com autismo e suas famílias. É uma forma de dar visibilidade ao assunto, mostrar o que é o autismo, e tudo isso passa também pela minha própria percepção e meu diagnóstico, sobre como lidei com isso e fui me descobrindo nesse processo, que não é tão simples, respeitando minhas condições e características e querendo ajudar outras pessoas. Há diferentes níveis de autismo, o espectro é muito amplo, cada indivíduo autista é diferente um do outro e tem suas características, como qualquer outra pessoa”, contou o torcedor do Alviceleste.
Dantas disse que, para ele, dentro de seu perfil, nunca foi uma dificuldade frequentar o Estádio do Café. “Muito pelo contrário, sempre foi motivo de prazer e diversão, mas para outros pode haver muitas barreiras e situações adversas, seja pelo ambiente, limitações de interação, hipersensibilidade ao som ou luminosidade, entre outros fatores. Para chegar até a Tubautistas, pensei muito em quantos pais e mães não possuem esse desejo de trazer seus filhos para ver um jogo, comemorar um gol e aproveitar os momentos de alegria que o futebol proporciona, mas não tem coragem por conta do espectro autista. Cheguei à conclusão que deveria tentar chamar atenção para o tema, abrir as portas e tentar acolher mais torcedores, trazê-los para o estádio”, enfatizou.
O Estádio do Café será o quarto do país a aderir à inclusão para torcida autista. Os outros estádios com área reservada para autistas são o Estádio Major Antônio Couto Pereira, em Curitiba; a Neo Química Arena, em São Paulo; e o Estádio Eládio de Barros Carvalho, o popular Estádio dos Aflitos, em Recife.
O fundador do projeto ainda disse que os estádios de futebol precisam se adaptar para comportar esse modelo de torcedor, trazendo mais bem-estar a todos. “Não quero deixar que o autismo limite as pessoas, sabendo que muitas podem usufruir de um espaço como este, então quis levar até a Fundação de Esportes a ideia, que foi prontamente aceita e incentivada. O autismo é pouco conhecido e falado, muitos pensam que se trata apenas de algo limitador e envolvendo pessoas com problemas, existem casos mais acentuados, é claro, mas todos têm o direito de se divertir, ter lazer e opções, ver o futebol. Levantamos o debate e estamos tentando valorizar este público”, concluiu Dantas.
O diretor-presidente da CMTU, Marcelo Cortez, disse que a acessibilidade a diferentes perfis de torcedores deve ser uma preocupação do poder público. “É necessário conscientizar a população, estimular os diálogos e criar condições para que um público diversificado possa ter as mesmas condições e oportunidades. Tenho uma sobrinha com autismo e sei como cada progresso dela é uma alegria, pretendo levá-la a um jogo do Tubarão no Café. Outros locais públicos também precisam se adaptar para dar mais abertura seja às crianças, adolescentes, adultos ou idosos. É preciso compreender cada perfil para podermos progredir. Este é o caminho”, avaliou.
Primeiro encontro
Neste sábado (7), a partir das 16h, será realizado o primeiro encontro organizado pela Tubautistas em Londrina, na Praça Nishinomiya, ao lado do Aeroporto. Aberto a todo o público e convidando as pessoas com autismo e familiares, o evento terá a participação de entidades parceiras do grupo, ponto de informações sobre o autismo, pipocas e doces, sorteio de brindes e a presença do personagem Power Ranger Alviceleste, figura que sempre marca presença nos jogos do Tubarão. A equipe de Futmesa (futebol de botão) do Londrina Esporte Clube também estará presente animando as crianças e todos os participantes.
Torcida agregadora – Devidamente trajada com o uniforme da nova torcida alviceleste, a Tubautistas, Renata Dantas, esposa de Matheus Dantas, criador do grupo, também participou do anúncio do novo espaço no Estádio do Café. Há mais de sete anos com ele, a servidora municipal contou que também assiste aos jogos do Tubarão desde a infância, destacando a importância do projeto.
A principal proposta da torcida é estimular a conscientização, promover união, a quebrar tabus, romper barreiras e preconceitos. Falar abertamente sobre o autismo pode ajudar muitas pessoas e famílias e o estádio só tem a ganhar com isso. A torcida terá faixa, camisetas e também carteirinhas para quem desejar participar e assistir aos jogos conosco”, disse ela.
A professora Meire Anne Teodoro, da Educação Especial do CEEBJA Herbert de Souza, na região central de Londrina, está incentivando alunos a conhecer o projeto da Tubautistas e o Estádio do Café. “O Matheus foi até a escola e apresentou o projeto, falando sobre o novo espaço no estádio. Uma aluna nossa, a Ana Carolina Violino, de 17 anos, que tem TEA e baixa visão, foi pela primeira vez ao Café, entrou no gramado e adorou a experiência. Ela quer ir a um jogo do Londrina para sentir a emoção do jogo, ficou com muita vontade e vamos tentar viabilizar isso com sua família. É uma iniciativa grandiosa, tanto no social como na área educacional, merecendo ser reconhecida. Atender às particularidades do público autista é uma ação inclusiva, admirável e as instituições educacionais devem e certamente vão incentivar”, frisou.
Já a enfermeira Kaisa Sanches Dalan, da Clínica TEamo – Centro de desenvolvimento para autistas, informou que a instituição já é parceira do projeto Tubautistas. Ela tem um filho autista de cinco anos de idade, o Daniel Dalan, apaixonado por futebol e que visitou, pela primeira vez, o Estádio do Café, brincando de bola e correndo pelo gramado.
“A intenção é dar respaldo e suporte de orientações e informações a quem precisar, tudo baseado em evidências científicas comprovadas. Daremos apoio profissional a este público e suas famílias, seja na questão dos jogos no estádio, em espaços e eventos públicos, entre outras ocasiões. Queremos levar o Daniel aos jogos do Londrina, e ter trazido ele antes de uma partida para valer, só com o estádio vazio, é uma forma de ele ter a dimensão do que é o espaço, o que pode facilitar sua experiência em um jogo, como ele vai ficar nas arquibancadas”, analisou,
A TEamo, segundo Dalan, atua com uma equipe multiprofissional, envolvendo enfermagem, psicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, musicoterapia, fonoaudiologia e psicomotricidade.
Créditos: Tem Londrina