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O Brasil alcançou nesta quarta-feira (4) uma das maiores glórias da história da sua ginástica artística. Em um esporte onde tradição conta, e é medida no resultado coletivo, a medalha de prata alcançada nesta quarta pela equipe feminina do Brasil na Antuépia (Bélgica) vai para o topo de prateleiras de conquistas.
Rebeca Andrade liderou o time brasileiro com uma apresentação de primeiro nível, incluindo um espetáculo no solo. Mas foi o desempenho de Flávia Saraiva que fez a diferença para o pódio. Flavinha melhorou em 0,8 pontos a soma das suas notas das eliminatórias e permitiu que o Brasil superasse, por 1,2 pontos, o ótimo desempenho das eliminatórias, o que é muito difícil, já que na final não há descartes.
O ouro ficou com a equipe dos EUA, de Simone Biles, 2,2 pontos à frente. O Brasil teve 165,530, com uma única queda, de Julia Soares, na trave, aparelho em que Rebeca também não foi tão bem. De resto, um show de Rebeca, Julia, Flávia, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira. Enquanto isso, Grã-Bretanha e China, que haviam avançado em segundo e tereiro, colecionaram quedas. Tanto que o bronze ficou com a França, com 164,064.
O desempenho aumenta a expectativa pelo que Rebeca e Flávia podem fazer na final do individual geral, na sexta, e para o duelo entre Rebeca e Biles na final do solo, no fim de semana. A brasileira fez ótimos 14,666 hoje, mas Biles deu o ouro para os EUA com absurdos 15,166.
COLEÇÃO VAI AUMENTANDO
Essa é a 20ª medalha conquistada pelo Brasil na história dos Mundiais de Ginástica Artística, a primeira por equipes. Esse histórico foi iniciado por Daniele Hypolito em 2001, com uma prata no solo e passou por ouros de Diego Hypolito e Daiane dos Santos neste mesmo aparelho até chegar ao bronze de Jade Barbosa de 2007 no individual geral.
Nos 16 anos que se passaram desde então, ela ainda ganhou mais um bronze no salto, em 2010, Arthur Zanetti montou uma coleção de quatro medalhas nas argolas, uma delas de ouro, Arthur Nory fez dois pódios na barra fixa, e Diego chegou a cinco medalhas, como recordista.
Hoje Rebeca empata nessa liderança. Campeã do salto em 2021 e do individual geral em 2022, prata nas assimétricas em 2021 e bronze no solo no ano passado, ela chegou à sua quinta medalha. Ela, porém, disputa mais quatro finais até domingo: individual geral, solo, salto e trave. Nas três primeiras, é favorita ao pódio. Flavinha também está nas duas primeiras.
COMO FOI A COMPETIÇÃO DO BRASIL
O time brasileiro abriu a final no aparelho onde tinha mais margem para crescer, as assimétricas, uma vez que Lorrane e Rebeca erraram nas eliminatórias. Desta vez, porém, saiu quase tudo perfeito. Lorrene acertou a série dela (13,166), Flávia Saraiva também (13,733) e Rebeca Andrade fez uma apresentação de gala, com nota 14,400, a mesma que Biles tirou nas eliminatórias.
Na trave, Julia Soares foi a primeira brasileira a se apresentar e teve uma queda, que tirou um ponto da nota dela. Na sequência, Flavinha deu show. Cravou a série dela e tirou 14,066, que, se feita nas eliminatórias, teria classificado a brasileira à final da trave em quarto lugar. No caminho contrário, Rebeca, que está na final do aparelho, não foi bem. Teve desequilíbrios e tirou 13,133, perdendo mais de 0,666 na comparação com a fase de qualificação.
Na metade da final, o Brasil era quinto, com 80,698, atrás da Grã-Bretanha (80,799) e da China (84,764). Mas, até ali, enquanto o time brasileiro repetia a soma de notas das eliminatórias, as britânicas tinham 3,5 a menos do que haviam feito nesses aparelhos na fase de classificação, e, as chinesas, 1,5 a menos.
A vantagem brasileira na briga pela prata aumentou muito no solo. Julia tirou 13,600, Rebeca fez a melhor série de todo o Mundial até então, com nota 14,666, e Flávia Saraiva deu um show com 13,900.
Faltava o salto e, na prática, era só o Brasil não cometer um grande erro que a medalha seria verde-amarela. Jade começou muito bem, com 13,933, melhorando em relação à fase de classificação. Flávia repetiu a nota 13,833, e Rebeca selou a prata com um salto perfeito, de 14,900. Depois, foi só esperar as outras equipes terminarem de competir.
CREDITO: BONDE - FOLHA DE LONDRINA