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Instalados em 2015 com o objetivo de identificar e levar informações históricas sobre os pontos turísticos de Londrina, boa parte dos 65 totens distribuídos pela cidade estão bastante depredados. No lugar de fotos e dados sobre o local visitado, inclusive em braile, o que se observa são pichação, material informativo arrancado e até fezes de ponmbos. A Prefeitura de Londrina alega não ter verba para restaurá-los.
A colocação das placas informativas contou com a parceria do Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Secretaria Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Obras.
Há itens instalados em locais como a Catedral Metropolitana de Londrina, o Calçadão, a Biblioteca Pública Municipal, o prédio histórico dos Correios, na região central, Museu de Arte, Museu Histórico, Concha Acústica, na Rua Sergipe e em vários outros pontos da cidade, grande parte na área central.
O que está preservado em grande parte destas placas são o corpo feito em aço galvanizado, o acesso para cadeirantes e o piso tátil para deficientes visuais. Porém, o objetivo das placas, que era divulgar os pontos de Londrina onde há história, com fotos, textos e a escrita em braile, praticamente sumiram das estruturas.
A aposentada Sandra Regina de Paula, que se mudou de São Paulo para Londrina, comenta a importância dos totens físicos pra conhecer o passado da cidade. ''Com a era da internet, procuramos tanta curiosidade nos sites para se informar e, ao se deparar com os totens fisicamente é muito bom, pois fica conhecendo a história do lugar'', disse, referindo-se à placa localizada em um dos extremos do Calçadão, na Rua Prefeito Hugo Cabral.
''De repente, é uma história boa para contar para os filhos e netos, sobre quem passou pela cidade, de quem ajudou a fazer o lugar'', acrescentou. A placa com informações está totalmente danificada, sem condições de leitura, e a estrutura, pichada.
Um que ainda está parcialmente preservado é o da Agência Central dos Correios, localizado no cruzamento da Avenida Rio de Janeiro e Rua Rua Maestro Egídio Camargo do Amaral. Embora apresente alguma deterioração em razão da ação do tempo, ainda é possível ler as informações e ver fotos histórias. O mesmo ocorre com outro, instalado em frente à sede da Secretaria Municipal de Cultura.
O auxiliar jurídico Julio Cesar Calheiros relata o seu sentimento de tristeza em relação aos equipamentos danificados. ''É uma pena, porque foi feito algo tão bacana, porém, não teve manutenção. E tem o vandalismo em si, né? As pessoas não respeitam, não entendem e acabam depredando. Poderia ser uma coisa que agregaria um valor à cidade como um todo'', lamenta.
Já o tapeceiro João Rodrigues cobra das autoridades a manutenção necessária aos totens, para contar a história de Londrina aos turístas. ''Noto que a cidade está em estado de abandono. Peço encarecidamente para as autoridades para terem mais atenção com o nosso município. Infelizmente, estas placas estão inúteis'', ressalta.
Laços da comunidade com sua identidade
Presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo) e professor da Unifil, Leandro Magalhães explica a importância dos registros históricos para o município. De acordo com ele, é necessário buscar elementos e caminhos para levar informações sobre os bens culturais que remetem ao passado de Londrina, criando laços entre a comunidade e seu patrimônio cultural para fortalecer sua identidade. "A identidade de Londrina é marcada justamente pela diversidade dos grupos que ajudaram a compor esta cidade, que é acolhedora. Registros e a disseminação dessas informações são fundamentais", diz.
Magalhães, entretanto, propõe uma reflexão sobre o meio utilizado. '"Foi uma iniciativa interessante tentar levar essa informação para a comunidade [por meio dos totens], mas, talvez, o suporte não fosse o mais adequado. Então, o ideal é buscar outras formas mais apropriadas de levar essa comunicação para a sociedade'", sugere.
Falta de recursos justificam abandono
O Portal Bonde já havia mostrando o vandalismo registrado nas placas turísticas em Londrina em reportagem publicada em julho de 2016. O diretor de turismo do Codel à época, Altemir Lopez, argumentou que o órgão não tinha orçamento para a manutenção e que a instalação foi paga com recursos do Ministério do Turismo, em torno de R$ 107 mil. Ele informou também que o projeto só previa a confecção e a instalação das placas e que a manutenção teria que ser feita com orçamento municipal o que não havia sido previsto. Lopez disse que o órgão precisava refazer o projeto para a manutenção.
Sete anos depois, este planejamento ainda não ocorreu. A reportagem tenta, desde o dia 9 de novembro, mais informações sobre os totens turísticos com o Codel, questionando se há projeto previsto para a manutenção; se há algum recurso específico para a restauração das placas; quando os trabalhos devem iniciar; e qual a importância das placas com informações turísticas para Londrina. Entretanto, até a publicação da matéria, o instituto informou apenas que "o município não tem verbas disponíveis no momento para restauração do totens".
Criada para cuidar do patrimônio público, a Guarda Municipal de Londrina argumenta que o extenso território coberto pela corporação, tanto na área urbana quanto rural da cidade, prejudica a coibição do vandalismo - o que inclui atos de destruição dos totens. "A assessoria [da Guarda Municipal] ressalta que devido o território da cidade ser vasto, pede a colaboração da população denunciando qualquer atitude suspeita, problema no entorno do prédio público ou até mesmo um ato de vandalismo contra uma placa de turismo", informou o órgão de comunicação da corporação. O telefone da Guarda é o 153.
(*Sob supervisão de Luís Fernando Wiltemburg)
CREDITO: BONDE - FOLHA DE LONDRINA