Dirigir um carro de Fórmula 1 é romper com os limites para os quais o corpo humano foi projetado. É exatamente nessa tensão entre a natureza e a velocidade que se sustenta “F1: O Filme”, protagonizado por Brad Pitt e lançado na última quinta-feira (26). A produção transporta o espectador diretamente para o interior de um cockpit, oferecendo uma imersão inédita no universo da principal categoria do automobilismo mundial.
No longa, Pitt interpreta Sonny Hayes, um ex-piloto que brilhou nos anos 1990, dividindo as pistas com lendas como Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher. Reconhecido como um talento promissor, sua trajetória foi interrompida por um grave acidente em uma tentativa arriscada de ultrapassagem sobre Senna. A colisão, baseada em um acidente real do piloto britânico Martin Donnelly, ocorrido no GP da Espanha de 1990, deixou marcas profundas em Hayes — físicas e emocionais — que o afastaram das pistas.
Trinta anos depois, Hayes recebe um convite inesperado: Ruben Cervantes (Javier Bardem), proprietário da decadente equipe APXGP, o chama para retornar à Fórmula 1. A proposta é dupla: ajudar a salvar a escuderia da falência e, ao mesmo tempo, oferecer a Sonny a chance de mostrar ao mundo o piloto que ele poderia ter sido.
O filme não se limita à trajetória pessoal de Hayes. Ele também coloca em cena o embate de gerações ao introduzir Joshua Pearce (Damson Idris), jovem piloto da mesma equipe, mais preocupado com a fama e os patrocinadores do que com a essência do esporte. Enquanto Hayes representa a paixão visceral pelas corridas, Pearce simboliza o piloto midiático dos tempos atuais. A rivalidade entre os dois é o motor que impulsiona o enredo.
Com direção de Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) e roteiro de Ehren Kruger, o longa aposta alto em realismo. Filmado durante os fins de semana de corrida das temporadas 2023 e 2024 da Fórmula 1, a equipe fictícia APXGP teve espaço entre os boxes das verdadeiras escuderias. O envolvimento direto de equipes reais, pilotos profissionais e chefes de equipe agrega um nível de autenticidade jamais alcançado por produções do gênero.
A consultoria do heptacampeão Lewis Hamilton também foi fundamental para garantir precisão técnica e credibilidade nas cenas de corrida. Essa atenção aos detalhes reforça a verossimilhança da narrativa e contribui para a atmosfera envolvente do filme.
Outro destaque é a trilha sonora de Hans Zimmer, que mescla batidas eletrônicas com tons melancólicos, criando uma sonoridade que transmite urgência, risco e emoção. A composição sonora é reforçada pelo cuidado com os efeitos: o som dos motores, o atrito dos pneus nas curvas, as trepidações ao passar pelas zebras e até a sujeira da pista foram meticulosamente reproduzidos, proporcionando ao público uma experiência sensorial completa.
“F1: O Filme” se junta a títulos como Rush e Ford vs Ferrari no panteão dos grandes filmes sobre automobilismo, mas se destaca por ter sido gravado dentro do verdadeiro circuito da Fórmula 1. A combinação entre realismo, drama e ação entrega ao espectador não só uma história envolvente, mas também uma rara oportunidade de sentir, ainda que por alguns instantes, a velocidade e a pressão vividas pelos melhores pilotos do mundo.
Como Ayrton Senna dizia:
“Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor, que um dia você chega lá.”
