O infectologista londrinense Sidney Matsuoka, de 42 anos, foi destaque no programa “Quem Quer Ser Um Milionário?”, exibido no último domingo (27) no Domingão com Huck, da TV Globo. Atendendo exclusivamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o médico mostrou domínio em conhecimentos gerais e faturou R$ 300 mil ao decidir parar na 13ª pergunta do quadro.
Ao lado do apresentador Luciano Huck, Matsuoka compartilhou sua trajetória marcada por dedicação à saúde pública e à educação. Durante a pandemia de covid-19, ele deixou cinco empregos em Sorocaba (SP) para retornar a Londrina e atuar na linha de frente contra a doença. Hoje, além de médico do HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), é professor da instituição.
Em entrevista ao Portal Bonde, o médico contou que decidiu se inscrever no programa ao ver um link durante um plantão no HU. “Eu estava tranquilo e resolvi preencher o formulário. Coloquei que sou infectologista, que tenho duas graduações incompletas e duas especializações médicas, além de ter começado a trabalhar aos 14 anos”, lembrou.
Antes de gravar o programa, Matsuoka passou por um processo seletivo demorado e sigiloso, com entrevistas e provas de conhecimento. A experiência, segundo ele, foi tensa, mas inspiradora: “Todo mundo achou que eu estava calmo, mas por dentro parecia que ia infartar. Ainda assim, não foi o momento mais difícil da minha vida — vivi o medo diário da covid-19.”
Para se preparar, o médico revisou conteúdos de cultura pop, esportes e entretenimento, mas reconhece que o programa é imprevisível. Após alcançar R$ 300 mil, optou por não arriscar e saiu do jogo com o prêmio acumulado até ali.
Matsuoka sempre viu na educação uma ferramenta de transformação. Filho de agricultor e bancária, começou a trabalhar ainda na adolescência para não abandonar os estudos. Durante o ensino médio, conciliou aulas com o trabalho como técnico de informática em sua escola.
Após duas tentativas frustradas em cursos universitários, decidiu seguir o sonho da medicina e ingressou na UEL, onde se formou em 2009. Durante a graduação, enfrentou dificuldades financeiras, inclusive entrando no cheque especial sem contar aos pais. Em busca de recursos, passou três meses no Japão cortando frango em uma fábrica — jornada de 15 horas diárias que lhe garantiu o sustento até o fim da faculdade.
Mais tarde, atuou em cinco empregos simultâneos em Sorocaba e Votorantim (SP), passou em cerca de dez concursos públicos e seguiu acumulando experiência na área médica.
O retorno a Londrina, em 2020, foi motivado por perdas de colegas durante a pandemia. “Começaram a morrer pessoas com quem eu trabalhava. Um dia vi uma enfermeira com o perfil da minha mãe e senti que precisava voltar para perto da família”, contou. Ele pediu demissão de todos os cargos em Sorocaba e passou a trabalhar na UTI Covid do HU, sendo posteriormente contratado como professor na UEL.
“Foi uma das experiências mais intensas da minha vida. A gente ia trabalhar sem saber se voltaria para casa”, relatou.
Mesmo com os R$ 300 mil conquistados no programa, Matsuoka afirma que não pretende abandonar o SUS. Seu objetivo é investir em qualificação acadêmica e realizar uma pós-graduação no exterior. “Quero ampliar meu conhecimento para ensinar mais e melhor. Não tenho mestrado nem doutorado, então esse prêmio pode ser uma oportunidade única”, afirmou.
Sem consultório particular, ele garante: “Me sinto mais útil no SUS. É um trabalho cansativo, mas extremamente recompensador. Considerando tudo o que vivi, prefiro continuar nesse caminho.”
