"Estou lisonjeada por ser a primeira a tomar a vacina no Paraná, uma mulher negra e mãe de dois filhos", afirmou Oliveira. "Foram tempos difíceis, com um pouco de medo e ansiedade do que viria no futuro. Mas hoje me sinto bem, feliz, esperançosa com a vacina e muito orgulhosa com o trabalho que o HT vem fazendo junto aos pacientes e o apoio aos funcionários", completou.
A etapa inicial da campanha de imunização foi acompanhada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, que pela manhã foi a São Paulo para receber as primeiras doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. O Paraná recebeu, para a primeira etapa da vacinação, 265.600 doses do imunizante CoronaVac, produzido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Ratinho Junior destacou o papel dos profissionais da saúde ao longo de toda a
pandemia e também elogiou os laboratórios públicos que vão produzir as vacinas contra a Covid: o Instituto Butantan e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
"É um dia histórico para o Paraná e para o
Brasil. Depois de tanto desencontro, temos agora um encontro com a ciência, com a medicina e um encontro com a esperança de retomar a vida novamente", disse.
"Ainda não vencemos a
pandemia, estamos vencendo uma parte dessa guerra contra o coronavírus. E começamos por aqueles que mais trabalharam durante a
pandemia e que colocaram as suas vidas à disposição para cuidar de outras vidas”, afirmou. "Nossos profissionais da saúde estão há dez meses trabalhando ininterruptamente para cuidar das nossas famílias e daqueles que se infectaram. Nada mais justo que eles recebessem um mínimo de defesa para enfrentar essa guerra", completou o governador.
Na manhã de terça-feira (19), as doses começarão a ser enviadas aos municípios, que serão responsáveis pela estratégia de vacinação. De acordo com o Plano Estadual de Imunização, os primeiros grupos vacinados serão os profissionais de saúde, indígenas, idosos com 60 anos ou mais institucionalizados (que vivem em asilos ou casas de repouso) e pessoas com deficiência severa.
"Passamos por momentos duros, em que fomos colocados à prova. O fato é que a ciência é fundamental, depois de dez meses chegamos em várias
vacinas e agora esta dedicação de diferentes profissionais se materializa. Desde o início o Paraná foi um defensor do Programa Nacional de Imunização, para que todos os municípios tenham acesso à vacina", afirmou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
Aniversário do hospital
A data não poderia ser mais emblemática. Nesta segunda-feira, o Complexo Hospitalar do Trabalhador completa 74 anos. Em março, as seis unidades que formam o complexo se tornaram referência em
Curitiba para o atendimento dos pacientes contaminados com o novo coronavírus, com quase 150 leitos destinados exclusivamente para a doença.
Emblemática também é a história de Oliveira, que atua há 22 anos atua na área da saúde, mas se tornou oficialmente enfermeira em 2020. O ano que foi desafiante para todos, especialmente para quem esteve na linha de frente no combate à
pandemia, privou Lucimar de comemorar seu recém-conquistado diploma.
Antes disso, porém, ela trilhou um longo caminho dentro de hospitais e serviços de saúde. Começou como auxiliar de serviços gerais e começou a se especializar: fez curso de auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem, socorrista e, por fim, o curso de Enfermagem da Universidade de Marília, em São Paulo.
No Hospital do Trabalhador, foi contratada primeiro como bolsista, em um dos primeiros reforços preparados pelo Governo do Estado para fazer frente à
pandemia, ainda em março. Em novembro, foi contratada em definitivo como enfermeira.
Desde que iniciou a
pandemia está trabalhando só em pronto-socorro de Covid. Trabalha no HT e na UTI Geral do Hospital Municipal de Araucária.
"A gente começa a ver a vida com outros olhos. Está sendo uma experiência de aprendizado. Não é fácil ter que dar notícia para um familiar, estamos aprendendo a ser mais empático com o próximo. Mas me considero feliz e grata", conta.
"A questão da pressão, o contato com o risco, tudo que é desconhecido é desafiador. Tivemos que reaprende muita coisa, mas as equipes foram bem treinadas", pontua. "Me sinto muito honrada e feliz por ser chamada a fazer parte deste momento, da vitória da saúde e da ciência", completa.