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MST abre agroindústria de milho sem transgênicos em Londrina
18 Jul
Divulgação

MST abre agroindústria de milho sem transgênicos em Londrina

Foi inaugurada, na sexta (15), a agroindústria de derivados de milho da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, que fica no distrito de Lerroville, em Londrina. A indústria foi criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e vai produzirá derivados de milho sem transgênicos.

No total, a agroindústria terá a capacidade de beneficiar 24 toneladas de derivados de milho agroecológicos por dia, produzindo fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém, sob a marca Campo Vivo. Os resíduos serão transformados em reação para animais. Nos próximos cinco anos a agroindústria também deve ampliar a produção para quirerinha, canjica branca e flocão.

“A expectativa é que a gente tenha todos esses produtos, que além de muito gostosos, que sejam agroecológicos, com capacidade de venda e com preço justo e de fácil acesso para toda população”, explica Fábio Herdt, presidente da Copacon e assentado na comunidade.

O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), participou da solenidade, juntamente com o secretário-chefe da Casa Civil do Paraná, João Carlos Ortega; o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara; o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, Roberto Baggio; além de autoridades de cidades vizinhas.

Para viabilizar essa iniciativa, foram aplicados R$ 5,1 milhões em recursos. Parte deles provém do Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop) — R$ 1,5 milhão —, que se somou aos R$609 mil oriundos do governo do Paraná, mais recursos próprios e outras fontes.

A Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon) foi fundada em 1993 e reúne 363 sócios de 13 municípios. Ela fica sediada no Assentamento Eli Vive que, por sua vez, é composto por 501 famílias em uma área de 7,5 mil hectares. Além de produção para autossustento, os moradores do Eli Vive também comercializam hortifruti, panificação, grãos, leite e café, entre outros itens.

“Já iniciamos o processo de certificação da indústria para receber milho orgânico aqui de diversas áreas, não só do assentamento. Tem um raio de abrangência de 300 quilômetros, então é possível ter sócios em toda essa região”, explica Herdit.

A prioridade é a produção de produtos de milhos orgânicos, pelo qual a agroindústria irá pagar 30% a mais em cima do valor original. Além disso, há um acompanhamento mais próximo do agricultor a fim de garantir a produção sustentável e de qualidade.

A Copacon existe no assentamento desde 2015 e conta com cerca de 360 família associadas, de 13 municípios diferentes. Segundo Hardt, hoje são três linhas de comercialização dos produtos de assentados. Uma é a de hortifruti, que engloba hortaliças, frutas e tubérculos; a segunda é a dos feijões, preto e carioca, produzidos dentro do assentamento Eli Vive e em outros locais do Paraná; e a terceira linha é da agroindústria dos derivados do milho livre de transgênicos.

Na última safra, a cooperativa comercializou 15 mil sacas de milho, 10 mil de soja e 10 mil de feijão preto e carioquinha. Toda semana, vende 15 toneladas de alimentos diretamente na Central de Abastecimento (Ceasa). Por mês, são 80 mil litros de leite. Os alimentos também são entregues ao Programa de Alimentação Escolar (PNAE), fazendo chegar 10 toneladas por semana a 100 escolas de Londrina e região.

Ciente desse potencial, Belinati reforçou que, em Londrina, 100% da alimentação escolar da rede municipal será fornecida pela agricultura familiar. “Já assinamos uma determinação de que 100% da merenda escolar de Londrina será destacada pela agricultura familiar. O que significa que tudo que vocês produzirem, vamos comprar. Hoje já é assim, 100% do que vocês nos oferecem a gente compra, aproximadamente R$1 milhão por ano”, afirmou.

Ele ainda explicou que essa medida valoriza a produção local, de alta qualidade, e garante produtos saudáveis aos estudantes. Na ocasião, também anunciou que, em breve, será publicado edital de licitação para construção de uma nova escola municipal no Eli Vive. “O projeto da escola ficou pronto, estamos fazendo o Termo de Referência para saber os preços. Creio que em até dois meses lançaremos o edital de licitação para construção da escola, com tudo de mais moderno”, destacou.

Outros anúncios feitos envolvem a execução de pavimentação poliédrica na estrada que interliga o Assentamento e o distrito de Lerroville. O edital para licitar a empresa executora desta obra já foi publicado pela Prefeitura, com investimentos de até R$ 3.679.694,90 para um percurso de 11 quilômetros de extensão. É uma concorrência com data de abertura de proposta no dia 28 de julho.

O prefeito de Londrina também elogiou toda as famílias do Eli Vive pelo trabalho desenvolvido no assentamento, que se destaca como modelo para todo o país. “Tenho muito orgulho do trabalho que vocês fazem, da mensagem que passam e colocam em prática. Temos que mostrar o que está acontecendo, e o que está acontecendo aqui é um exemplo. Está havendo uma grande transformação, e espero que essa transformação vá a muitos outros lugares, gerando só coisas boas para nosso povo e nossa população”, finalizou.

Para o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, a atuação em parceria com as cooperativas e agricultores familiares é uma medida que retorna com ótimos resultados e deve ser incentivada. Como exemplo, citou o Compra Direta, implementado para abastecer unidades socioassistenciais e outras entidades em todo o estado.

“Com muito carinho, cumprimento as 501 famílias assentadas e seus agregados, porque vocês conquistaram uma posição relevante e estamos evoluindo juntos. É um momento de comemorar, aplaudir esse movimento que vocês fizeram não só aqui, mas também em Arapongas, Querência, Lapa, e tantas outras experiências exitosas. Especialmente a quem mora, trabalha e ganha a vida aqui, certamente com muito trabalho, deixo nosso aplauso. Também parabenizo o prefeito Marcelo pela visão estratégia de apoiar o fortalecimento da agricultura familiar de Londrina”, citou Ortigara.

O coordenador do MST no Paraná, Roberto Baggio, acrescentou que o modelo agroecológico visa suprir não só a alimentação, mas também preserva os recursos naturais, promovendo sustentabilidade para as próximas gerações. “Precisamos garantir que esse alimento esteja em todos os pratos, em todas as mesas. Também é preciso ter cuidado com o meio ambiente, ter um modelo econômico e agrícola que preserve os recursos naturais, a água, mata, rios, sementes. Matar a fome e cuidar da natureza são os grandes desafios, e nesse dia de hoje vemos que isso é possível, não é um sonho. Mas é preciso ter oportunidade e cada um de nós construir esse grande processo, para nossa geração e para as que virão, no futuro. Que a gente amplie as certezas, a esperança e a confiança de construir um Brasil melhor, solidário, humano, com comida na mesa e cuidando da natureza”, concluiu.

A inauguração da agroindústria no Eli Vive contou ainda com um almoço, com cardápio preparado com os produtos beneficiados no local. Houve também festa julina, apresentação de moda de viola, fogueira, comidas típicas e baile.

Créditos: Tem Londrina

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