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Londrina é uma das seis cidades brasileiras que irá receber o método Wolbachia para combater a dengue. Essa iniciativa envolve a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, para que se reproduzam com os mosquitos locais e, como resultado, reduzam os casos de dengue na localidade. Para implementar esse trabalho na cidade, várias reuniões têm sido realizadas desde março, com representantes da Wolrd Mosquito Program (WMP) Brasil e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entidades responsáveis pela aplicação do método no Brasil, mais as equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e do Governo do Paraná.
Durante os encontros, foram esclarecidas as dúvidas sobre o método e houve a apresentação do cronograma de ações. Outro ponto importante é que as liberações dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, chamados de Wolbitos, só ocorrem depois de uma pesquisa, que já foi realizada em Londrina e apresentou 96% de aprovação dos munícipes.
A partir dessa pesquisa, a liberação dos Wolbitos está prevista para começar em julho de 2024. Depois da soltura dos mosquitos, o monitoramento será feito de forma quinzenal e mensal, para avaliação dos resultados. A previsão é que os trabalhos sigam até junho de 2025.
As localidades que serão contempladas com a soltura dos mosquitos também foram definidas: todos os bairros da região norte; região sul, União da Vitória, Califórnia e PIND; região leste, Califórnia, Vila Fraternidade, Antares, Ernani Moura Lima, Abussaf, Lindóia e Ideal; região oeste, Jardim Bandeirantes, Leonor e Olímpico; região central, Vila Brasil, Vila Recreio, Vila Nova, Shangri-lá e Vila Casoni.
O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, destacou o envolvimento de Londrina na implantação desse método inovador e que repercutiu em ótimos resultados onde já foi aplicado. “É uma satisfação muito grande para o Município fazer parte desse projeto, em relação a essa nova tecnologia de enfrentamento de combate à dengue, proposta pelo Ministério da Saúde em parceria com a FioCruz. Esse é um método que tem se consolidado em alguns municípios com grande efetividade e muitos estudos científicos apontam reduções expressivas em relação ao número de casos e indicadores epidemiológicos da dengue. Londrina tem se organizado, no que compete às ações do Município, para conseguirmos implementar essa tecnologia o mais rapidamente possível”, apontou.
Já o líder de operações da WMP Brasil, Gabriel Sylvestre, ressaltou a importância da etapa de pesquisa pública e engajamento da população nesse primeiro momento de implantação do Método Wolbachia em Londrina. “O Método Wolbachia leva saúde para a população, então a população já é parte natural do processo. Através das atividades de engajamento comunitário e comunicação, esperamos que as pessoas possam conhecer o trabalho e entender como ele funciona. O Método Wolbachia é uma novidade porque trabalhamos liberando mosquitos. É importante que toda a população saiba como os nossos Wolbitos ajudam a reduzir a transmissão de arboviroses”, afirmou.
Além de Londrina, outras cinco cidades no Brasil foram selecionadas para receber a tecnologia nesta nova fase de expansão do Método Wolbachia: Foz do Iguaçu (PR), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Joinville (SC). A tecnologia já existe nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
Planejamento
Atualmente, estão sendo feitos trabalhos para a montagem de uma biofábrica, isto é, um laboratório para a produção dos mosquitos com Wolbachia em Londrina. Com relação ao engajamento, seguem em andamento as capacitações com Agentes Comunitários de Endemias (ACEs), Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e educadores das redes municipal e estadual de ensino, que levarão as informações até os moradores e estudantes. Também haverá um trabalho integrado entre o Município de Londrina, o Governo do Estado e a Fiocruz, envolvendo a divulgação nas redes sociais e atuação junto a imprensa local.
Sobre o Método Wolbachia
O Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos do Aedes aegypti com Wolbachia, para que se reproduzam com os mosquitos Aedes aegypti locais, estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.
A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 50% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos, no entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução da transmissão destas doenças.
Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.
Um estudo realizado na Indonésia apontou uma redução de 77% dos casos de dengue nas áreas que receberam os mosquitos com Wolbachia. No Brasil, mais especificamente em Niterói, os dados preliminares aferiram uma redução de 69% nos casos de dengue e redução de 56% nos casos de Chikungunya e 37% dos casos de Zika.
Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP), na Austrália, e atualmente está presente em mais de 20 cidades de 14 países. Além disso, os dados de monitoramento revelam que os Wolbitos estão se estabelecendo em níveis muito bons nos territórios.
O Método Wolbachia é uma medida complementar. A população deve continuar a fazer todas as ações para o controle da dengue, Zika e chikungunya. Para obter mais informações sobre o Método, basta acessar o site wmpbrasil.org e conferir as redes sociais (@wmpbrasil).