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Como o Citomegalovírus Afeta Grávidas e Pode Levar à Hidrocefalia Infantil
24 Jul

Como o Citomegalovírus Afeta Grávidas e Pode Levar à Hidrocefalia Infantil

A produtora rural Danielle Camassola Wilpert, de 38 anos, teve a maior parte de sua gravidez tranquila, mas ao final da gestação apresentou sintomas de resfriado, e após realizar um exame de rotina do pré-natal descobriu ter contraído citomegalovírus, um vírus do grupo herpes. A moradora de Campos Novos, uma pequena cidade de Santa Catarina, foi informada por uma médica que era preciso esperar o bebê nascer para avaliar se o vírus causaria algum problema de saúde no pequeno. 

 

Descontente com as respostas, a mãe se aprofundou em pesquisas para encontrar uma forma de proteger a vida do filho, e evitar complicações. 

 

Em um exame morfológico feito com 24 semanas de gravidez uma dilatação dos ventrículos do cérebro do bebê foi identificada, indicando a hidrocefalia. “Comecei a pesquisar na internet e me falaram que deveríamos procurar um neurocirurgião pediátrico, mas onde moramos é difícil localizar um profissional desse. Acabei procurando no Instagram e encontrei vários, mas o único que me chamou a atenção foi o doutor Alexandre Canheu. Segui e acompanhei, sem marcar consulta porque a orientação até então era de esperar o parto. Mas ao me informar, vi que deveria fazer algo o quanto antes para reverter o caso sem causar danos no cérebro do meu filho”, conta a mãe.

Na primeira consulta online, o neurocirurgião pediátrico de Londrina, no Paraná, avaliou os exames e orientou a família sobre o caso, com a indicação de um obstetra, e um plano para operar o recém-nascido, com o objetivo de evitar danos cerebrais causados pelo acúmulo de líquido no cérebro, característico da hidrocefalia. A cesariana foi realizada no início de julho, e um dia depois o pequeno Guilherme Lucca Wilpert passou por uma cirurgia feita pelo especialista no Hospital Evangélico de Londrina. 

“O procedimento é conhecido como “DVP”, ou válvula de derivação ventriculoperitoneal, em que esse dispositivo é implantado no paciente para drenar o líquor de dentro dos ventrículos cerebrais e levá-lo a cavidade abdominal, que será responsáveis pela absorção. No caso do Guilherme, fizemos o acompanhamento no final da gestação, com exames frequentes, e avaliei que o ideal seria fazer a cirurgia logo após o parto. Quando o bebê nasceu, fizemos uma avaliação médica e confirmamos a necessidade da DVP, que foi um sucesso”, relata Canheu. 

 

Após 16 dias do nascimento, a mãe comemora a saúde do filho, “Ele está muito bem, a cabeça dele já normalizou e não teve nenhum dano. A princípio é um bebê sem dano no cérebro causado por hidrocefalia”.

 

O especialista explica que Guilherme possivelmente terá que conviver com a válvula, e que se desenvolverá bem.

 

 

 

O vírus

 

O citomegalovírus, chamado de CMV, é uma infecção por vírus da família herpes-vírus, que acomete pessoas de todas as idades. A maioria dos casos não apresentam sintomas, mas podem provocar sensação de febre e cansaço, tendo em vista que o sistema imunológico fica enfraquecido. A transmissão ocorre por saliva ou outras secreções, transfusões de sangue, transplante de órgãos, transmissão congênita e sexual. 

 

“Em bebês, o vírus pode causar doenças graves, como a hidrocefalia. Quando a mãe é infectada, o filho pode ser infectado durante a gestação ou no parto. A doença pode provocar aborto, a morte de bebê no parto ou após”, explica Canheu. 

 

Para detectar a patologia em recém-nascidos, é necessário realizar um exame de urina, ou saliva. O tratamento é feito com medicamentos antivirais. 

 

“É essencial que, ao ser diagnosticada com o citomegalovírus, a mãe seja acompanhada por um obstetra experiente e que, caso uma alteração seja identificada, um neurocirurgião avalie o caso”, conclui o especialista.

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