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O Hospital Veterinário Municipal de Londrina, inaugurado há 24 dias, superou em 70% a previsão de atendimentos a animais do município até o momento. Quem estima a porcentagem é Ana Paula Marcos, gestora da CHC Saúde Única, empresa de Itajaí (SC) que opera o hospital.
Ainda não há dados catalogados e atualizados para detalhar as três primeiras semanas de funcionamento da unidade, por isso o número foi baseado na experiência de Ana Paula como administradora do espaço.
A reportagem teve acesso ao relatório de atendimentos dos primeiros quatro dias de funcionamento, que foi enviado à CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). De 13 a 16 de agosto, o percentual de consultas eletivas para animais de pequeno porte alcançou 22% da meta prevista para o mês. Ou seja, de 350 atendimentos esperados, 76 foram feitos nos primeiros quatro dias.
A mastectomia - cirurgia que retira total ou parcialmente a mama do animal por causa de cânceres ou tumores - em animais de até 10 quilos alcançou 40% dos atendimentos esperados para o mês nos quatro primeiros dias de serviços prestados. O procedimento para aqueles que têm de 10 a 20 quilos alcançou 20%. Os dados, mesmo que aferidos em poucos dias, comprovam a alta demanda.
Segundo ela, a procura não para de crescer. São cerca de 25 atendimentos diários agendados pela CMTU - com pessoas previamente cadastradas no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) -, além dos casos de urgência e emergência.
O Hospital Veterinário tinha, na tarde de quinta-feira (5), cerca de 40 animais instalados. Ana Paula diz que o número só aumenta, já que até quarta-feira (4) ainda havia espaço disponível, com um total de 28 animais amparados. "De ontem para hoje [quinta], chegou uma família inteira de cachorros", conta a gestora.
As baias podem comportar até quatro animais, mas, na maioria dos casos, precisam ser exclusivas, por causa das constantes brigas, que podem ocasionar novos ferimentos e doenças.
Com a superlotação, os médicos-veterinários são orientados a atenderem e já liberarem os animais que têm tutores, evitando o máximo possível que eles fiquem internados.
Durante o dia, dois veterinários - um cirurgião e um clínico - atuam no local. Na parte da manhã, mais dois intercalam-se. De noite, um outro profissional assume o plantão. Entre os principais atendimentos, estão a cirurgia ortopédica e o raio x em animais atropelados.
Dentro das instalações, os pets que já estão saudáveis e foram resgatados de maus-tratos brincam e se divertem. O espaço tem áreas abertas para que os animais passeiem pelo menos uma vez por dia.
Ana Paula, que é médica-veterinária, além de ser a responsável pelas burocracias do hospital, também ajuda nos resgates dos animais. Ela conta que a ideia é que todos os cachorros e gatos que forem resgatados sejam tratados e depois doados.
"Como iniciamos há pouco tempo, o processo de adoção está lento. A ideia do projeto é recolher o animal de rua, fazer o tratatamento, a castração, a microchipagem e só aí procurar um lar. Os que estão aqui ainda estão nesse trâmite, em tratamento", explicou.
Os novos "inquilinos" responsáveis por lotar o espaço são uma família de cachorros que foi abandonada na Mata dos Godoy, onde ficam apenas animais silvestres.
"O mantenedor [da Mata dos Godoy] ligou e pediu para enviar para cá [os animais abandonados]. Os pequenos foram desverminados, tomaram a primeira dose. Os pais vão para a castração, microchipagem e depois para a doação. Os filhotes podem ser adotados mais facilmente."
As baias são separadas com os nomes de cada um dos animais. Entre os instalados, estão o Thor, cachorro que tem TVT (Tumor Venéreo Transmissível) e está em tratamento. Ele foi vítima de maus-tratos e abandonado pelos donos.
Já Rosa foi resgatada. "Ela ficava presa numa coleira e a pele estava toda em carne viva. Agora ela já está bem. Será castrada, microchipada e encaminhada para a adoção", contou Ana Paula.
O Hospital Veterinário ainda está em fase de adaptação. Na última semana de agosto, o CRVM (Conselho Regional de Medicina Veterinária) fez vistorias no local e encontrou irregularidades. Ana Paula pondera que todas as medidas já estão sendo tomadas para a adequação necessária.
Em breve, novos equipamentos de ultrassonografia e raio x também devem chegar ao local.
Apelo por ajuda
O Hospital Veterinário Municipal é destinado exclusivamente aos animais de Londrina, mas muitos moradores das cidades da região estão procurando o local para tratar os seus pets.
Enquanto a reportagem visitava a unidade, uma idosa residente em Cambé (Região Metropolitana de Londrina) aguardava atendimento, mas foi orientada pela equipe de que não se enquadrava no público-alvo.
Em seguida, uma jovem de 21 anos - que afirmava não ter condições de pagar o tratamento de seu gato por não trabalhar, devido a motivos de saúde - chorava e pedia ajuda, com medo do seu gato morrer por um suposto caso de envenenamento.
"Eu tentei atendimento em clínica particular, aí eles me indicaram aqui. Ele [o gato] está fraco. Estava tremendo antes de sair de casa. Não se mexe, não levanta, estava com diarreia. Acordei e ele estava jogado no chão", relatou.
A reportagem apurou que o gato da jovem foi estabilizado e encaminhado novamente para uma clínica particular. A tutora, por não ser de baixa renda, terá que arcar com as custas do tratamento. "Nós levamos até o consultório e se não houver um risco iminente de morte, nós estabilizamos o animal e fazemos o encaminhamento", pontuou Ana Paula.